mai. 30, 2025

Enfezamento do milho: como identificar e controlar na lavoura

Saiba como o enfezamento do milho afeta a produtividade, como identificar os sintomas e quais estratégias usar para prevenir e controlar o problema no campo.

O enfezamento do milho é uma doença causada por microrganismos transmitidos pela cigarrinha, que pode comprometer até 100% da produção se não for controlada.

Folha de milho com enfezamento do milho.

Milho sofre consequências da infestação por cigarrinha

 

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O enfezamento do milho é uma doença causada por patógenos transmitidos pela cigarrinha-do-milho. Ela pode ser classificada em diferentes tipos (enfezamento pálido e vermelho), conforme o microrganismo responsável pela infecção.

 

As plantas afetadas podem desenvolver sintomas como nanismo, avermelhamento ou estrias cloróticas nas folhas, espigas malformadas e perfilhamento excessivo. 

 

A infecção ocorre quando a cigarrinha, após se alimentar de plantas doentes, adquire os patógenos e os transmite para plantas sadias durante novas alimentações. 

 

O controle do enfezamento exige a adoção de práticas integradas de manejo, como eliminação do milho tiguera, planejamento do plantio, aplicação de inseticidas e monitoramento da lavoura.

 

Boa leitura!

 

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O enfezamento do milho não é uma doença única, mas um complexo de três patologias transmitidas pela cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis). Cada uma delas é causada por um patógeno diferente, que induz o desenvolvimento de sintomas específicos nas plantas.

 

Essas doenças podem ocorrer isoladamente ou em conjunto, formando o que é conhecido como o complexo do enfezamento.

 

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as perdas causadas por essas infecções podem chegar a 100% da lavoura. Os prejuízos são proporcionais ao número de plantas infectadas e à gravidade dos sintomas.

 

Para evitar perdas, o produtor precisa investir no controle do enfezamento. O problema é que, após a infecção, a doença é difícil de eliminar. Um dos motivos é que a infecção é transmitida pela cigarrinha, uma das principais pragas da cultura.

 

Neste artigo, você entenderá o ciclo de transmissão da doença, seus sintomas e as principais estratégias de manejo para proteger a lavoura.

 

O que é o enfezamento do milho?

O enfezamento do milho faz parte do complexo de doenças transmitidas pela cigarrinha. Conheça essas infecções a seguir:

 

Enfezamento pálido

Esta doença é causada pela bactéria Spiroplasma kunkelii (Corn Stunt Spiroplasma), que pertence ao grupo dos Mollicutes. 

 

As plantas infectadas apresentam sintomas como estrias cloróticas nas folhas, redução da altura das plantas, encurtamento dos entrenós e a presença de brotos nas axilas foliares. 

 

Além disso, as folhas podem adquirir uma coloração avermelhada e ocorre o enfraquecimento dos colmos e a proliferação de espigas.

 

Enfezamento vermelho

Ele é causado por Candidatus Phytoplasma, um fitoplasma que também integra o grupo Mollicutes. As plantas infectadas apresentam sintomas como amarelecimento ou avermelhamento das folhas, geralmente começando pelas bordas e se espalhando, perfilhamento excessivo e proliferação de espigas. 

 

Risca do milho (raiado fino)

A risca do milho é causada pelo Maize rayado fino virus (MRFV), um vírus do gênero Marafivirus. O sintoma característico dessa infecção é o aparecimento de pontos cloróticos nas folhas, que com o tempo se expandem e formam linhas ao longo das nervuras. 

 

Sintomas do enfezamento do milho

cigarrinha-do-milho: causadora do enfezamento do milho.

Cigarrinha-do-Milho Dalbulus maidis - CRÉDITO EMBRAPA

 

Os sintomas variam conforme o agente causador e o nível de infecção. De forma geral, todas as doenças do complexo compartilham sintomas que ajudam no diagnóstico inicial do problema.

 

Eles indicam que a planta não está se desenvolvendo de forma saudável e que a infecção está comprometendo sua capacidade de produzir uma colheita de qualidade.

 

Conheça a seguir os sintomas comuns entre os diferentes tipos de enfezamento:

 

  1. Amarelecimento ou avermelhamento das folhas;

  2. Redução no crescimento das plantas;

  3. Perfilhamento excessivo;

  4. Má formação de espigas;

  5. Produção de baixa qualidade;

  6. Enfraquecimento dos colmos;

  7. Comprometimento do rendimento da lavoura.

Ciclo de transmissão do enfezamento

O ciclo de transmissão está diretamente relacionado às características biológicas da cigarrinha. Ela não nasce infectada, mas adquire os patógenos quando se alimenta de uma planta doente.

 

Após a ingestão dos microrganismos, o inseto entra em um período latente de 17 a 28 dias. Durante esse período, os patógenos se multiplicam e se espalham pelo corpo da praga, colonizando suas glândulas salivares e outros órgãos.

 

Ao fim desse período, a cigarrinha se torna infectante e começa a transmitir as doenças sempre que se alimenta de plantas saudáveis, por meio de sua saliva contaminada.

Práticas de manejo para controle

O enfezamento é uma doença de difícil controle, principalmente porque seus sintomas aparecem tardiamente, muito tempo após a infecção inicial.

 

Quando os sinais se tornam visíveis, os danos já são irreversíveis e há poucos recursos para mitigar os impactos da doença. Portanto, a melhor estratégia é investir no controle da cigarrinha-do-milho, interrompendo o ciclo de transmissão da doença.

 

Para isso, o produtor deve adotar práticas associadas ao manejo integrado de pragas (MIP). Isso porque nenhuma medida isolada é capaz de proteger a lavoura dos danos causados pelo complexo de enfezamento.

 

+++ Diferença de produtividade de 63 scs/ha em teste de híbridos em área com cigarrinha

 

Confira a seguir as práticas de manejo recomendadas:

 

Cultivo de híbridos tolerantes

Uma prática importante é cultivar híbridos de milho tolerantes aos enfezamentos pálido e vermelho. Assim, caso a planta seja infectada, ela apresentará sintomas menos severos, o que ajuda a evitar perdas.

 

Regulagem das colheitadeiras

O manejo deve começar ainda na fase de colheita da safra anterior de milho. Antes de levar as máquinas ao campo, o produtor deve investir na regulagem e manutenção das colheitadeiras

 

Isso é importante para evitar que espigas e grãos fiquem no campo após a colheita, o que favorece o desenvolvimento de plantas tigueras. 

 

Eliminação do milho tiguera

As plantas tigueras são fontes de inóculo da cigarrinha, dos mollicutes e do vírus MRFV. Por esse motivo, elas devem ser eliminadas da lavoura. Para isso, a recomendação é aplicar herbicidas específicos. 

 

Para cultivares convencionais (não resistentes), o glifosato apresenta boa eficácia. Já para variedades de milho resistentes a herbicidas (GR), o ideal é usar herbicidas com outros mecanismos de ação, como os inibidores da enzima ACCase (graminicidas).

 

Planejamento do plantio

O produtor deve ter um cuidado especial durante o planejamento do plantio. O ideal é planejar a semeadura para épocas adequadas, que garantam o desenvolvimento das plantas em boas condições fitossanitárias. 

 

Também é importante evitar o cultivo sucessivo de milho e plantios tardios, já que isso aumenta a incidência de enfezamentos. Além disso, o agricultor deve evitar que o cultivo de lavouras novas seja feito perto de áreas com plantas adultas infectadas, já que isso facilita a migração das cigarrinhas.

 

Tratamento de sementes

Ovos de cigarrinha-do-milho na planta.

Cigarrinha deposita ovos no interior do cartucho.

 

O tratamento de sementes é uma medida preventiva importante, especialmente para o controle da cigarrinha nos estágios iniciais da cultura. 

 

O produtor pode investir no cultivo de sementes tratadas industrialmente, desde que os produtos utilizados nesse processo sejam registrados e recomendados para o controle dessa praga.

 

Aplicação de inseticidas

O tratamento de sementes pode ser complementado com a aplicação de inseticidas nas primeiras fases da cultura. Isso porque o período residual dos produtos utilizados em sementes tratadas está diminuindo. Segundo a Embrapa, atualmente ele compreende um intervalo de 10 a 15 dias.

 

Como a incidência da cigarrinha pode aumentar após esse período, o produtor pode pulverizar inseticidas, especialmente se ele plantar cultivares não resistentes aos enfezamentos. 

 

Os defensivos aplicados devem ser registrados para o controle dessa praga. O ideal é fazer de duas a três aplicações nas fases iniciais de desenvolvimento da lavoura, até 40 dias após a emergência.

 

Importância do monitoramento para o controle do enfezamento

Investir no monitoramento contínuo da lavoura é fundamental para identificar infestações de cigarrinha quando elas ainda estão em seus estágios iniciais. 

 

Essa detecção precoce orienta a adoção de medidas preventivas para controlar a praga antes que ela transmita algum patógeno do complexo de enfezamento para a planta. 

 

O monitoramento deve ser feito em todas as etapas de desenvolvimento da lavoura, bem como na entressafra e ao longo do ciclo da cultura sucessora. Isso é importante para identificar a presença de milho tiguera e eliminar essas plantas, reduzindo a pressão de infecção na próxima lavoura.

 

O ideal é combinar técnicas de monitoramento tradicional, como montagem de armadilhas, com tecnologias da agricultura de precisão, como drones e imagens de satélite.

 

Os dados coletados por essas e outras fontes podem ser integrados e analisados pela Climate FieldViewTM, a plataforma da Bayer Agricultura Digital. A ferramenta permite obter imagens NDVI que facilitam a identificação de problema de desenvolvimento vegetativo causado pela praga na lavoura.

 

Se a presença de pragas ou plantas infectadas for confirmada, o produtor pode marcar e delimitar a área afetada com PINs georreferenciados. 

 

Isso facilita a aplicação localizada de insumos e o acompanhamento dos resultados dessa prática, inclusive por meio dos mapas de produtividade, gerados após a colheita. Assim, o monitoramento da cigarrinha e a proteção da lavoura se tornam mais eficientes.

 

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