out. 13, 2025

Cultura do algodão: como a tecnologia melhora o resultado da cotonicultura

Descubra como a tecnologia na cultura do algodão aumenta a produtividade, otimiza o manejo da lavoura e contribui para melhores resultados na cotonicultura

Imagem mostra plantação de algodão.

O Brasil é uma potência agrícola na produção de algodão. Hoje, o país é o terceiro maior produtor, atrás apenas da China e Índia, segundo dados da USDA. Sendo que a maior parte do cultivo vem dos estados de Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul. 

 

Além disso, pela primeira vez, o Brasil se tornou o maior exportador, ultrapassando o até então líder, Estados Unidos.

 

Esse é um reflexo do aperfeiçoamento de processos produtivos.  Nas últimas décadas a cultura se tornou uma das principais atividades agrícolas do país porque se profissionalizou, avançou em práticas sustentáveis e incorporou tecnologias de ponta focadas na qualidade da fibra.

 

Quer saber mais sobre a evolução da cultura do algodão no país? Descubra neste artigo algumas ferramentas da agricultura digital que têm ajudado o cotonicultor brasileiro a ganhar em produtividade e rentabilidade.

 

+ Leia mais: Qual a participação do agronegócio no PIB brasileiro?

Cultura do algodão no Brasil e sua importância econômica

O algodão é conhecido pela Humanidade há pelo menos 6 mil anos. Civilizações antigas, como os Incas, usavam essa fibra para a fabricação de tecidos.

 

Quando os portugueses chegaram no território brasileiro, os indígenas já dominavam o cultivo da planta. Com esse material, teciam e tingiam fios, que eram usados para fazer redes.

 

A produção de algodão tornou-se uma importante atividade comercial no Brasil-Colônia no Século XVIII nos estados do Nordeste. O país se posicionou como um grande produtor mundial, estimulado pela alta demanda da Inglaterra que passava pela Revolução Industrial.

 

Mas a cotonicultura brasileira enfrentou sérios problemas a partir do final dos anos de 1980. Os principais motivos foram a abertura econômica e a infestação das lavouras com a praga do bicudo. 

 

Na década de 1990, por exemplo, o país deixou de ser exportador e se tornou importador da commodity. Diante desse período desafiador, o setor se uniu. Todos os elos da cadeia buscaram se profissionalizar e incorporar tecnologias e práticas mais sustentáveis na cultura do algodão. 

 

No campo, o algodão no Brasil passou por uma grande transformação:

 

  • A cultura ocupou novas áreas;

  • Surgiram novas variedades;

  • Foram desenvolvidas tecnologias para melhorar as características da fibra e reduzir as impurezas;

  • Houve a mecanização completa do cultivo (do plantio à colheita) e o aperfeiçoamento do manejo.

 

Além disso, as ferramentas da agricultura de precisão e da agricultura 4.0 se tornaram aliadas do cotonicultor do país, que viu a atividade dar um salto de competitividade, produtividade e sustentabilidade.

 

Hoje, 75% da cotonicultura brasileira tem certificação de origem, o que abre portas para o produto nacional nos principais mercados. O certificado atesta que o cultivo do algodão é feito com responsabilidade socioambiental, e obedece padrões modernos de governança.

 

Em termos financeiros, a plantação de algodão exige aportes mais altos, mas também tende a gerar uma produtividade e um lucro por hectare significativamente maiores. Segundo o Sistema FAEP, o lucro médio é de R$ 7,6 mil por hectare.

 

+ Saiba mais: Dicas para manter a alta produtividade no algodão

 

Problemas na produção de algodão

Apesar da importância, o plantio de algodão costuma trazer alguns desafios para os produtores:

 

Vulnerabilidade da cultura

Um dos principais problemas na produção está relacionado à vulnerabilidade da cultura. Existe uma alta incidência de pragas e doenças do algodão, demandando manejo intenso. 

 

As plantas daninhas, por exemplo, além de competirem com o algodão por luz, água e nutrientes, também podem prejudicar a qualidade da fibra do algodão. 

Tempo de ciclo 

O ciclo do algodão é relativamente longo, com duração média entre 170 e 200 dias (cerca de seis meses), desde a semeadura até a colheita.

 

Esse período pode variar de acordo com fatores como a época de plantio, a disponibilidade hídrica e as condições de temperatura. 

 

Esse tempo estendido aumenta a exposição da lavoura a riscos climáticos, pragas e doenças, o que demanda monitoramento contínuo. 

Alto investimento

A produção de algodão também requer alto investimento inicial. Isso ocorre porque a comercialização do produto está mais associada à qualidade da fibra do que ao volume colhido. Para alcançar esse padrão, são necessárias práticas intensivas de manejo, que envolvem aplicações de herbicidas, inseticidas, fungicidas e fertilizantes.

 

O algodoeiro é altamente exigente em nutrientes, como Nitrogênio (N), Potássio (K), Fósforo (P), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). Por isso, a cultura se desenvolve melhor em solos ricos, férteis e com acidez corrigida. Dessa forma, áreas produtoras devem passar por adubação e manejo adequados, o que eleva ainda mais o custo final de produção.

Fatores que podem aumentar a produtividade na sua lavoura de algodão

O algodoeiro é uma planta de ciclo perene e tem a sua origem arbustiva. No entanto, para uma otimizar a produção, ela passa a ser uma cultura de ciclo anual e de baixa estatura (em média com 1,5m).

 

O primeiro passo para aumentar o cultivo é entender sobre algodoeiro, que deve ser seguido de outras tarefas, como: 

Escolha de cultivares adequados

Selecionar variedades adaptadas às condições climáticas e de solo da região é um dos pontos-chave para alcançar altas produtividades. Cultivares resistentes a pragas, doenças e ao acamamento contribuem para reduzir perdas e garantir maior estabilidade da produção.

 

Qualidade da semeadura

A implantação da lavoura começa na preparação correta do solo e no uso de sementes de alta qualidade, devidamente tratadas. A densidade e a profundidade adequadas de plantio favorecem a emergência uniforme, resultando em plantas mais vigorosas e produtivas.

Controle de pragas, doenças e plantas daninhas

O manejo integrado é indispensável para evitar perdas de produtividade. O monitoramento constante e o uso de defensivos de forma racional ajudam a reduzir a pressão de pragas, além de evitar que doenças e daninhas comprometam a qualidade da fibra e o rendimento da lavoura.

Irrigação e disponibilidade hídrica

Quando bem manejada, a irrigação garante suprimento hídrico em períodos críticos, como na formação de botões florais e durante o florescimento. Isso reduz o estresse da planta e contribui diretamente para o aumento do número e da qualidade dos capulhos.

Uso de reguladores de crescimento

A aplicação de reguladores pode favorecer a arquitetura da planta, controlar o crescimento vegetativo excessivo e direcionar energia para a formação de capulhos. O resultado é uma lavoura mais uniforme, facilitando também a colheita.

Ciclo do algodão e manejo recomendado

O ciclo varia dependendo das variedades do algodão que são cultivadas. 

 

A cultura do algodão tem cinco fases fenológicas: da semeadura à emergência, fase vegetativa (V), formação de botões florais (B), florescimento (F) e, por fim, da abertura dos capulhos até a colheita (C). Cada etapa exige cuidados específicos para garantir o pleno desenvolvimento da cultura.

1. Semeadura à emergência

Esse estágio vai do plantio até a germinação das plântulas. O sucesso depende de boas condições de solo (umidade adequada, boa estrutura e temperatura favorável). Nessa fase, é essencial escolher sementes de qualidade e realizar o tratamento adequado contra pragas e doenças iniciais, já que a lavoura ainda está muito vulnerável.

 

Também é importante garantir solo bem preparado, com boa umidade e temperatura adequada para a germinação, bem como monitorar pragas de solo, como corós e lagartas, que podem comprometer a emergência.

2. Fase vegetativa (V)

Aqui ocorre o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular. A planta precisa de nutrientes equilibrados, especialmente nitrogênio, para garantir crescimento uniforme. 

 

Também é o momento de manter o controle rigoroso de plantas daninhas, já que a competição por água, luz e nutrientes pode comprometer a produtividade. Outro ponto importante é o monitoramento das pragas iniciais, como pulgões e lagartas, que podem reduzir o vigor da planta. 

3. Botões florais (B)

É a fase de diferenciação reprodutiva, quando surgem os primeiros botões que darão origem às flores. Nessa etapa, a cultura é bastante sensível ao estresse hídrico e nutricional, que podem causar abortamento dos botões.

 

A adubação de cobertura e o manejo da irrigação (quando disponível) são decisivos para evitar abortos florais e garantir bom pagamento.Também é necessário reforçar o monitoramento de pragas sugadoras, que afetam o desenvolvimento reprodutivo.

4. Florescimento (F)

Momento de maior demanda energética da planta. O algodão entra em plena fase reprodutiva, e cada flor bem-sucedida resultará em um capulho. É fundamental manter o controle de pragas-chave, como o bicudo-do-algodoeiro, e assegurar suprimento hídrico e nutricional adequado. 

 

O estresse nesse período pode reduzir de forma significativa a produção. É importante também monitorar doenças fúngicas, que podem se intensificar com maior densidade foliar.

5. Abertura dos capulhos à colheita (C)

Os capulhos começam a abrir, expondo as fibras. O manejo nessa fase deve priorizar a sanidade da lavoura e a uniformidade da maturação. Produtos reguladores de crescimento ou maturadores podem ser utilizados para sincronizar a colheita e melhorar a qualidade da fibra. 

 

O ponto ideal de colheita deve ser respeitado para evitar desperdício de fibra por abertura precoce ou deterioração no campo. Além disso, o manejo deve garantir práticas de colheita e transporte que preservem a qualidade da pluma.

Funcionalidades da agricultura digital que otimizam a cotonicultura

De acordo a pesquisa Mercado de Agricultura de Precisão e Digital, feita em 2021 pela IHS Markit com o apoio da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital (AsBraAP), a taxa de adoção de agricultura de precisão (AP) é de 66% no algodão.

 

Além disso, grandes produtores da cultura estão entre os pioneiros da digitalização da agricultura brasileira.

 

O cotonicultor passou a usar ferramentas digitais, como sensores em plantadeiras e colheitadeiras, para mapear as operações e imagens de satélite para monitorar a lavoura.

 

  • Plantio: durante a semeadura, o produtor pode mapear a operação. Assim, ele tem registradas informações como onde cada variedade foi plantada na fazenda; a data do plantio; a máquina que executa cada passada e a velocidade da operação. Aqui destaca-se o uso de GPS embarcado em máquinas e sensores de plantio.

  • Desenvolvimento vegetativo: a partir das imagens de satélite, mas também de drones e sensores óticos, é possível gerar mapas que permitem analisar o crescimento da lavoura em cada região da lavoura. Se o agricultor identificar nas imagens alguma região com problemas no desenvolvimento, pode enviar profissionais até o local para verificar o que está ocorrendo no estande.

  • Pulverização: as operações de aplicação de defensivos podem ser mapeadas. A partir de softwares de mapeamentos e drones é possível pulverizar apenas as regiões da lavoura com ocorrência de pragas ou doenças, por exemplo, conforme indicação das imagens de satélite.

  • Colheita: durante o processo de colheita, são geradas informações específicas da cultura do algodão, como fardo de sementes, quantidade de sementes que estão sendo produzidas, fardos de linho, fardos de fibra, além de registrar a data e velocidade que o equipamento executou a operação. Nos dados de colheita, o uso de uma plataforma especializada se torna indispensável. 

 

Um importante protagonista na adoção da agricultura digital na cultura do algodão no Brasil foi a Climate FieldViewTM — plataforma de agricultura digital da Bayer —, que implementou na cotonicultura brasileira, em 2018, diferentes ferramentas digitais, as quais apresentamos a seguir.

 

Com o FieldViewTM, os produtores passaram a mapear digitalmente as diferentes operações agrícolas no campo, como plantio, pulverização e colheita.

 

Assim, tiveram condições de visualizar, comparar e analisar os dados das diferentes operações de modo mais simples, permitindo insights e decisões mais assertivas.

 

Outra ferramenta muito utilizada pelos cotonicultores é o Diagnóstico FieldView™, que possibilita acompanhar o desenvolvimento vegetativo dos talhões. Isso é possível por meio da análise de imagens de satélite das áreas da fazenda que são cadastradas.

Benefícios da digitalização para o algodão

De maneira geral, a aplicação da tecnologia otimiza processos, mas também ajuda a reduzir custos e aumentar a produtividade.

1. Monitoramento em tempo real

Com o uso de sensores, softwares e drones agrícolas, o produtor pode acompanhar em tempo real indicadores como umidade do solo, desenvolvimento das plantas e presença de pragas. Isso possibilita uma tomada de decisão rápida e precisa.

2. Uso eficiente de insumos

A agricultura digital permite aplicar fertilizantes, defensivos e reguladores de forma localizada, apenas onde há necessidade. Sem contar o uso de um sistemas de irrigação inteligentes que reduz desperdícios, diminui custos e contribui para práticas mais sustentáveis.

3. Previsão e gestão de riscos

Soluções digitais apoiadas em inteligência artificial e análise de dados ajudam a prever pragas, doenças e impactos climáticos. Dessa forma, o produtor pode agir de forma preventiva, protegendo a lavoura e evitando perdas significativas.

Cultura do algodão: digitalização é o futuro

Em síntese, a digitalização aplicada à plantação de algodão eleva o nível de eficiência e precisão no campo. Com o apoio do FieldView™, o produtor pode integrar dados de sensoriamento remoto e registrar variáveis importantes, como variedade plantada, data de colheita e nível de impurezas. 

 

Essas informações permitem a geração de mapas de produtividade mais fiéis à realidade de cada talhão, garantindo análises consistentes e decisões estratégicas. O resultado é uma visão clara sobre o desempenho da lavoura, maior qualidade da fibra e, consequentemente, mais rentabilidade para a produção. 

 

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