Armazenamento de grãos: quais os cuidados mais importantes
Entenda como fazer o armazenamento de grãos de forma segura, evitando perdas por umidade, pragas e deterioração. Veja dicas de manejo e tecnologia.

O armazenamento de grãos envolve diferentes técnicas que devem ser aplicadas corretamente para preservar a qualidade e o valor comercial da produção agrícola.
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O armazenamento de grãos é importante para preservar os investimentos feitos ao longo da safra e garantir a qualidade dos produtos até a comercialização. Quando bem executado, ele ajuda a reduzir perdas e ainda oferece ao produtor maior flexibilidade na venda, permitindo evitar os períodos de baixa no mercado.
Para obter bons resultados nessa fase, o produtor precisa lidar com diversos fatores que influenciam a conservação dos grãos armazenados, como o teor de umidade e a temperatura da massa estocada.
Isso exige a adoção de boas práticas, como a secagem adequada, a limpeza dos grãos e o uso de sensores para monitorar temperatura e umidade.
Além disso, o agricultor deve investir na prevenção de pragas e doenças comuns no pós-colheita, bem como adotar cuidados no transporte para manter a integridade dos grãos após o armazenamento.
Boa leitura!
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O armazenamento de grãos é uma estratégia que reúne diferentes técnicas com o objetivo de preservar os grãos colhidos, mantendo suas características físicas, químicas e sanitárias desde a colheita até a distribuição.
Para assegurar a qualidade do produto, essa etapa envolve práticas como higienização, secagem, aplicação de defensivos, carregamento e monitoramento contínuo. Muitos produtores brasileiros já adotam esse processo.
De acordo com a Pesquisa de Estoques, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenamento no Brasil alcançou 227,1 milhões de toneladas no segundo semestre de 2024.
Esse número representa um crescimento de 2,1% em relação ao semestre anterior, com destaque para milho, soja, trigo, arroz e café, que correspondem a 92,4% do total estocado.
Apesar desse avanço estrutural, as perdas pós-colheita no país ainda são elevadas, podendo atingir até 20% da produção. Para reduzir esses prejuízos e aumentar a rentabilidade da safra, o produtor precisa adotar boas práticas de armazenagem.
Neste artigo, você vai entender quais fatores influenciam a conservação dos grãos, como prevenir perdas e quais cuidados adotar durante o manejo pós-armazenamento.
Importância do armazenamento de grãos na agricultura
O armazenamento de grãos é a etapa que garante a preservação da qualidade e do valor agregado da produção após a colheita. Quando realizado de forma adequada, ela protege os grãos contra fatores externos e evita perdas expressivas, tanto em volume quanto em valor nutricional e comercial.
Essa prática também amplia a capacidade de negociação do produtor. Isso porque ele pode estocar parte da produção para vender em períodos de preços mais atrativos, evitando a pressão do mercado durante a safra. Dessa forma, o agricultor conquista mais poder de negociação e pode comercializar seus grãos com maior rentabilidade.
Principais fatores que afetam a qualidade dos grãos armazenados
A qualidade dos grãos armazenados é influenciada por diversos fatores que atuam na conservação do produto durante o período de pós-colheita. Conheça os principais a seguir:
Teor de umidade dos grãos
O teor de umidade acima da faixa ideal para a cultura favorece o desenvolvimento de fungos e pragas que aceleram a deterioração da massa armazenada.
Temperatura da massa armazenada
O aumento da temperatura dentro do silo ou armazém também compromete a qualidade dos grãos. O aquecimento geralmente é causado por fungos que se proliferam em ambientes com umidade excessiva.
Características da massa de grãos
Quando acondicionados em silos, sacarias ou outras estruturas, os grãos se organizam formando uma massa com espaços entre eles. Esses espaços, preenchidos por ar, representam cerca de 40 a 45% do volume total.
Essa porosidade é importante porque permite a circulação de ar dentro da massa de grãos, o que é essencial para manter o controle de umidade e da temperatura.
Outro aspecto importante é a condutibilidade térmica. A massa de grãos realiza trocas de calor entre os próprios grãos e com o ar ao redor. Esse processo pode ocorrer por condução térmica (quando o calor se transfere de um grão para outro) e por microconvecção (o ar circulante também transporta calor).
Esse comportamento térmico afeta diretamente a temperatura da massa armazenada e, se não for bem manejado, pode causar superaquecimento e acelerar a deterioração.
Qualidade inicial dos grãos
Grãos colhidos no estágio ideal de maturação (maturidade fisiológica) e com baixa presença de impurezas têm maior durabilidade. Por outro lado, grãos danificados, como os quebrados ou trincados, são mais vulneráveis a infestações por fungos e pragas.
Boas práticas de armazenamento de grãos

Guiverson Bueno, de Lucas do Rio Verde (MT), optou por armazenar sua produção em silos bolsa.
Adotar boas práticas de armazenamento permite ao produtor preservar a qualidade da produção, evitar perdas e garantir segurança dos produtos e das pessoas envolvidas na operação. Confira a seguir os principais cuidados nessa etapa pós-colheita:
Limpeza e preparo dos grãos
Antes de serem armazenados, os grãos colhidos devem passar por um processo de limpeza. Essa etapa garante a remoção de impurezas, restos culturais, sementes de plantas invasoras, grãos danificados e patógenos causadores de doenças.
Secagem adequada
A secagem deve ser realizada sempre que a colheita ocorrer com os grãos ainda apresentando umidade acima do ideal. Nesse caso, é necessário diminuí-la para evitar a proliferação de pragas e doenças.
O processo pode ser feito de forma natural, em terreiro, ou artificialmente, por meio de secadores. Vale lembrar que o teor de umidade ideal varia conforme a cultura.
No caso do milho, deve estar em torno de 12%; para a soja, cerca de 11%, especialmente quando se trata de períodos prolongados de armazenagem.
Termometria
Conforme explicado, a temperatura dentro dos silos é um dos principais indicadores da qualidade do armazenamento. Quando mal controlada, pode acelerar a deterioração dos grãos, favorecer o desenvolvimento de fungos e atrair pragas como carunchos (Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae) e traças (Sitotroga cerealella).
Para evitar esses problemas, o produtor deve investir no monitoramento de silos ou armazéns. Isso pode ser feito por meio de sensores termométricos, que podem ser automatizados (com leitura remota) ou manuais (por meio de plugs de medição).
Local de armazenamento
Atualmente, o produtor pode construir ou alugar diferentes estruturas de armazenamento, como silos metálicos, silos de concreto e armazéns graneleiros.
Para cada tipo de estrutura, o produtor deve avaliar o custo-benefício, o tempo de armazenagem desejado, o volume a ser estocado e os riscos associados àquela modalidade.
Independentemente da estrutura escolhida, o agricultor deve garantir que o local tenha boa ventilação para evitar o acúmulo de calor e umidade, além de proteção contra roedores, aves e insetos, que podem comprometer a qualidade dos grãos.
Prevenção de pragas e doenças no armazenamento de grãos
A preservação da qualidade dos grãos armazenados exige atenção constante no combate a pragas como gorgulhos, brocas, besouros e traças, que podem comprometer a produção. A estratégia mais eficaz para lidar com esse problema é o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
O MIP combina diferentes técnicas de controle cultural, biológico, químico e genético para reduzir a incidência de pragas de forma equilibrada e com o menor impacto possível sobre o agroecossistema.
Ele envolve a adoção de medidas como plantio de variedades resistentes, uso de predadores naturais, o monitoramento de pragas, entre outras práticas.
Essa abordagem deve ser associada às boas práticas de armazenamento descritas anteriormente. Afinal, ações como a limpeza dos grãos e o controle da temperatura também contribuem para o manejo de pragas.
Além disso, elas reduzem as condições favoráveis à proliferação de microrganismos que podem contaminar a produção estocada. Com esse conjunto de cuidados, o produtor preserva a fitossanidade da safra e garante a conservação da qualidade dos grãos ao longo do tempo.
Cuidados no manejo pós-armazenamento de grãos
Os cuidados com os grãos devem continuar durante o manejo pós-armazenamento, especialmente nas etapas de transporte e comercialização. Para isso, o produtor deve planejar a inspeção dos veículos de transporte antes do carregamento.
Esse procedimento é fundamental para verificar a limpeza dos compartimentos, a ausência de resíduos de cargas anteriores e o bom funcionamento dos sistemas de ventilação e segurança.
Além dos veículos, maquinários como roscas transportadoras, elevadores, peneiras e balanças também devem passar por manutenções periódicas. Afinal, equipamentos danificados ou desregulados também podem provocar quebras nos grãos, erros de pesagem e até contaminações.
Vale lembrar que ferramentas da agricultura de precisão e da agricultura digital também podem ser grandes aliadas nesse processo.
O produtor pode usar sensores e softwares de gestão agrícola, como a Climate FieldView™, plataforma digital da Bayer, para otimizar o monitoramento e a gestão da cadeia produtiva.
Essas tecnologias reforçam o controle de qualidade e ajudam a identificar e corrigir falhas em todas as etapas da produção de grãos, inclusive no pós-colheita.
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