Dia após dia, geramos quantidades exorbitantes de dados nas diversas atividades que compõem a plataforma Climate FieldView™, promovendo uma série de possibilidades de como podemos implementar soluções de inteligência artificial para ajudar a melhorar a produtividade do agricultor. No entanto, a capacidade computacional e a importância da mantendo os agricultores a propriedade de seus dados continuam sendo dois dos muitos desafios que enfrentamos ao pensar na usabilidade de todos esses dados.
Ao lidar especificamente com o acesso aos dados, nossa plataforma prioriza, valoriza e utiliza dados de propriedade do agricultor, de maneira agregada e anônima, bem como recursos de dados públicos fornecidos por agências governamentais e universidades.
Em 2011, o Brasil lançou o Portal Brasileiro de Dados Abertos, cujo principal objetivo é promover o desenvolvimento tecnológico com a utilização de dados abertos e publicamente acessíveis. Além desse projeto, contamos com órgãos governamentais que não só disponibilizam informações, mas que também complementam os recursos de dados com relatórios que realizam análises comuns em benefício dos stakeholders, como é o caso da Conab. O objetivo destas iniciativas, é permitir que as pessoas façam suas próprias análises com os dados, além de torná-los um produto utilizável para as partes sem recursos analíticos na forma de relatório.
Esses dados públicos — principalmente os fornecidos pela Conab — nos apresentam grandes oportunidades de aprimorar nossa plataforma. Mais de 30 arquivos fornecidos pela Conab permitem o acesso a informações históricas de produção, produtividade e área plantada, além de outros dados relativos a características, como preço de insumos agrícolas.
Os recursos disponibilizados pela agência brasileira podem ser de grande valia para estudos internos, tanto no fornecimento de dados para enriquecimento de modelos preditivos, quanto como referência, para que seus relatórios históricos com demonstrativos de área plantada, projeções de produção e produtividade sirvam de parâmetro para enriquecimento da tomada de decisão.
Porém, o uso de dados públicos vai além de sua capacidade de validar e aprimorar nossos modelos agronômicos. Assim como a Conab, o INPE fornece relatórios ao público ao coletar dados ambientais. Esses relatórios vêm na forma de mapas de calor e dados atualizados diariamente sobre o risco de incêndio em territórios brasileiros.
Dada a grande relevância dos recentes incêndios no Pantanal brasileiro (a maior região úmida do mundo situada ao sul da floresta amazônica), o INPE fornece um caminho para o agricultor, a fazenda e a segurança ambiental nos dados que fornece no rastreamento da disseminação de incêndios florestais.
Expandindo a visão para iniciativas globais de dados públicos, temos outros projetos semelhantes na União Europeia, com a criação do Portal de Dados Abertos da UE e Data.gov nos Estados Unidos.
Nem todos os dados são públicos — nem deveriam ser! Mas, em muitos casos, o valor potencial fornecido pelos dados agregados e analisados é enorme. Unir forças para construir e estimular uma cultura de abertura de dados, que também valoriza a privacidade e a propriedade dos dados, fará grandes coisas não apenas para permitir a inovação, mas para promover a segurança e o bem público.