Bioeconomia no agronegócio: oportunidades e desafios para o futuro
Descubra como a bioeconomia alia ciência e sustentabilidade para gerar produtos, serviços e energia de forma inovadora e responsável.
A bioeconomia impulsiona a transformação dos sistemas produtivos ao valorizar recursos biológicos, promover inovação sustentável e estimular cadeias mais eficientes, integradas à economia circular e ao uso responsável de matérias-primas renováveis.
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O aumento da população global e a redução dos recursos naturais são alguns dos grandes desafios para as próximas décadas. A bioeconomia surgiu como uma resposta a esse cenário.
Esse modelo econômico utiliza recursos biológicos renováveis, como plantas, microrganismos e resíduos agrícolas, para produzir alimentos, bioenergia e bioprodutos com menor impacto ambiental.
Baseada em ciência, tecnologia e inovação, ela reduz a dependência de combustíveis fósseis, fortalece a agricultura sustentável e contribui para a economia circular. E isso reduz as emissões de carbono, valoriza a biodiversidade, gera empregos verdes e aumenta a competitividade do agronegócio.
Além disso, a bioeconomia impulsiona programas como o Pro Carbono, conectando boas práticas do campo à geração de créditos de carbono. Essa integração incentiva a adoção de tecnologias sustentáveis, promove a preservação ambiental e fortalece a economia verde no país.
Devido à sua biodiversidade, à força do agronegócio e ao histórico de sucesso em bioenergia, o Brasil tem potencial para ser líder global na bioeconomia. E a integração de recursos entre recursos biológicos renováveis e tecnologias como IA, IoT, biotecnologia e nanotecnologia devem acelerar esse processo.
Boa leitura!
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A bioeconomia é um modelo econômico baseado no uso sustentável de recursos biológicos renováveis para produzir alimentos, energia, biocombustíveis e bioprodutos industriais.
O conceito ganhou força a partir dos anos 2000, quando a União Europeia (UE) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) adotaram o termo para incentivar o uso da biotecnologia na criação de novos mercados e soluções sustentáveis.
Neste artigo, explicaremos como a bioeconomia funciona, suas aplicações na agricultura, benefícios e os desafios que precisam ser superados para concretização desse modelo econômico.
Como funciona a bioeconomia?
A bioeconomia funciona a partir do uso inteligente de recursos biológicos, como plantas, algas, microrganismos e resíduos orgânicos. Todos eles são utilizados para gerar produtos e energia por meio de processos tecnológicos, aumentando a eficiência e promovendo uma economia verde e circular. A ideia é transformar o que antes era descartado em novas oportunidades de valor.
A cadeia produtiva de cana-de-açúcar é exemplo de como esse modelo funciona. Graças a inovação do setor sucroalcooleiro, nada é desperdiçado. O caldo da cana vira açúcar ou etanol.
Já o bagaço gera energia elétrica para a usina, sendo que o excedente vai para a rede. E a vinhaça, tratada, vira fertirrigação. Esse é o princípio da economia circular em ação, reduzindo custos, criando novas receitas e mitigando impactos.
Principais áreas de aplicação
A bioeconomia já está presente em vários setores, tornando as cadeias produtivas mais eficientes e sustentáveis. Conheça alguns deles a seguir:
Agronegócio
No campo, a biomassa agrícola e florestal é transformada em biocombustíveis, fertilizantes e bioprodutos de alto valor agregado, fortalecendo a agricultura sustentável e gerando novos modelos de negócio.
Saúde e indústria farmacêutica
O avanço da biotecnologia já permite o desenvolvimento de medicamentos, vacinas, insumos hospitalares e terapias mais eficientes, produzidas a partir de microrganismos e outras fontes biológicas.
Energia limpa
O uso inteligente de recursos biológicos — como plantas, microrganismos e resíduos agrícolas — permite gerar produtos de bioenergia com maior eficiência e menor impacto ambiental. Isso inclui biocombustíveis, biogás e outras fontes renováveis produzidas a partir de biomassa.
Indústria
Na indústria, cresce a produção de materiais biodegradáveis que substituem plásticos, embalagens e outros itens derivados do petróleo. Isso ajuda a reduzir resíduos, a valorizar recursos renováveis e a estimular a transição para um modelo econômico sustentável, reforçando a economia circular.
Benefícios da bioeconomia
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a população global cresce rapidamente, mas os recursos naturais são cada vez mais limitados.
A extração de matérias-primas, por exemplo, aumentou dez vezes no século XX e atingiu cerca de 90 bilhões de toneladas em 2018, com previsão de chegar a 180 bilhões de toneladas até 2050.
A FAO também estima que a produção agrícola global deve aumentar cerca de 70% até 2050 para atender o aumento populacional. E uma das estratégias apontadas para enfrentar esse cenário é justamente a bioeconomia, um modelo econômico sustentável, baseado na valorização da biodiversidade e dos recursos naturais renováveis.
No âmbito do agronegócio, por exemplo, esse modelo estimula a adoção de práticas ligadas à agricultura sustentável. Além de incentivar a economia circular e a adoção de fontes de energia renováveis, isso promove a redução das emissões de carbono e dos riscos climáticos.
Outra vantagem é a geração de empregos verdes, impulsionado pelo uso de tecnologias associadas à biotecnologia industrial, bioenergia e produtos de base biológica, que criam novas oportunidades de trabalho qualificado. Isso ajuda a manter a competitividade do setor e incentiva o desenvolvimento regional.
Como a Bioeconomia impulsiona o Pro Carbono
O mercado de carbono tem se consolidado como uma ferramenta estratégica para reduzir emissões de gases de efeito estufa. Por meio de créditos de carbono, empresas e produtores podem compensar suas emissões, gerando valor econômico e ambiental ao mesmo tempo.
Nesse contexto, o Pro Carbono surge como um programa que conecta boas práticas do agronegócio à geração de créditos de carbono. Ele incentiva o uso sustentável da terra, a conservação de florestas e a adoção de tecnologias de baixa emissão, fortalecendo a economia verde no país.
A bioeconomia potencializa esse processo ao transformar resíduos agrícolas e recursos biológicos em produtos de alto valor agregado, promovendo práticas sustentáveis e reduzindo a emissão de gases. Dessa forma, produtores que investem em inovação e sustentabilidade podem gerar créditos de carbono e contribuir para o Pro Carbono.
Integrar bioeconomia e Pro Carbono é uma oportunidade de unir eficiência produtiva, preservação ambiental e geração de valor econômico. Essa combinação fortalece o agronegócio e impulsiona a transição para um modelo de baixo carbono e mais resiliente.
Leia também: O que é sequestro de carbono e como funciona esse processo?
Desafios para o avanço da bioeconomia
Apesar do seu grande potencial para impulsionar a economia verde, a bioeconomia ainda enfrenta desafios importantes para a sua adoção. Um deles é a necessidade de ampliar investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas estratégicas, como tecnologias de bioprocessamento, biotecnologia industrial e manejo sustentável da biomassa.
Esses avanços são importantes para construir cadeias produtivas competitivas e transformar o conhecimento científico em soluções aplicáveis ao agronegócio. Outro desafio é fortalecer a regulamentação e os incentivos governamentais sobre o tema.
Isso porque a criação de políticas públicas e de instrumentos econômicos específicos, como linhas de crédito e incentivos fiscais, é fundamental para estimular novos negócios de base biológica, acelerar a transição energética e reduzir o risco para investidores.
A bioeconomia também depende de investimento no treinamento e capacitação de pessoal. Afinal, a falta de mão-de-obra qualificada em áreas como biotecnologia, gestão ambiental e operação de tecnologias digitais, dificulta a adoção de práticas inovadoras.
Superar esses desafios é fundamental para acelerar a transição para uma economia mais resiliente, de baixo carbono e alinhada aos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável.
Bioeconomia no Brasil e no mundo
No cenário internacional, a bioeconomia avança apoiada por políticas de inovação sustentável. Segundo a OCDE, a bioeconomia já movimenta cerca de 2 trilhões de euros no mercado global e gera mais de 22 milhões de empregos.
Para os próximos anos, a expectativa é que represente pelo menos 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países membros. Esse número pode ser ainda maior em nações como o Brasil.
Afinal, o país possui vantagens competitivas naturais para se tornar um dos maiores protagonistas da economia verde. Dono da maior biodiversidade do planeta e de cadeias produtivas cada vez mais eficientes, a agropecuária brasileira também é referência global em produtividade, produção de biomassa e biocombustíveis.
As projeções de produção de outras fontes renováveis para as próximas décadas exemplificam o potencial do país. Segundo um estudo do Ministério de Minas e Energia (MME), a oferta de etanol deve alcançar 51 bilhões de litros em 2035.
O país também tem potencial para gerar 5,9 GW médios de bioeletricidade e 6,4 bilhões de Nm³ de biometano a partir da cana-de-açúcar. Esses dados indicam que, com investimentos consistentes em inovação e políticas públicas de incentivo, o Brasil tem condições de liderar a expansão global da bioeconomia.
Qual o futuro da bioeconomia?
Nos próximos anos, a expectativa é que os produtos da bioeconomia sejam resultados da integração entre recursos biológicos renováveis e tecnologias da agricultura digital, que aumentam a eficiência produtiva e reduzem o impacto ambiental.
Essas tecnologias incluem recursos como inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), biotecnologia e nanotecnologia. A expectativa é que elas ajudem a aprimorar o uso da biomassa, a acelerar a conversão de resíduos em energia e a ampliar a produção de bioprodutos com alto valor agregado.
A tendência é que esse cenário contribua para a expansão de modelos produtivos sustentáveis, como agricultura regenerativa e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Esses modelos garantem maior aproveitamento de biomassa, reciclagem de resíduos e geração de energia limpa.
Por isso, a bioeconomia é uma aliada importante para garantir a transição para uma economia de baixo carbono, que incentive um futuro mais responsável, resiliente e produtivo para o agronegócio.
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